sábado, 5 de janeiro de 2013

Adolf Hitler (1889-1945)



Ditador nazi alemão nascido na Áustria. Hitler nasceu em Braunau-am-Inn, passando os primeiros anos da sua vida em Viena e Munique, onde viveu na pobreza, após a morte do pai. Estes anos de penúria foram fundamentais na formação da sua personalidade e filosofia de vida, assimilando pela primeira vez as teorias anti-semitas e pan-germânicas típicas dos nacionalistas extremistas da época.

No início da I Guerra Mundial, Hitler foi voluntário para um regimento de reserva bávaro servindo nas trincheiras como mensageiro. Após a derrota da Alemanha, convenceu-se de que esta tinha sido traída pelas influências judaicas e marxistas. De regresso à Bavária assistiu a cursos destinados a afastar os ex-combatentes do bolchevismo, sendo influenciado por Gottfried Feder, o pai intelectual do movimento nazi. 
Seguidamente tornou-se membro do Partido dos Trabalhadores Alemães, distinguindo-se graças à 
sua oratória. Através dos seus amigos, Erich Röhm, um oficial de Munique, e von Epp, 
manteve-se em contacto com o exército alemão, o Reichswehr. Em 1921, assumiu a liderança do partido, em substituição de Anton Drexler, alterando-lhe o nome para Partido Operário 
Nacional-Socialista Alemão e adoptando ideais nacionalistas e misturando-os com o anti-marxismo e o anti-semitismo. Depois de estudar com Röhm o papel das recém-criadas Sturmabteilung, conhecidas por SA., Hitler organizou um destacamento especial formado pelos seus próprios soldados políticos — os camisas castanhas de Röhm. Estas tropas foram estabelecidas formalmente em 1926 com o nome de SS (Schutzstaffel).

Considerando que a República de Weimar estava à beira do colapso, Hitler desencadeou um golpe 
em Munique, em Novembro de 1923, em associação com Röhm, Ludendorff e Goering, numa tentativa de impor Ludendorff como ditador. O golpe falhou e Hitler foi preso e julgado por traição. Cumpriu nove meses de prisão durante os quais redigiu, com o auxílio de Rudolf Hess, o Mein Kampf (A Minha Luta) (1925-1927). A sua prisão provocou a desintegração do Partido Nazi, pelo que após a sua libertação, em 1924, graças a uma amnistia, dedicou-se à reorganização do partido. Em 1930, era já o líder incontestado de um partido que contava com um número considerável de membros e com fundos doados pelos grandes industriais, que viam no nacional-socialismo a salvaguarda contra o comunismo.

Com a crise económica de 1930, Hitler explorou o descontentamento das classes médias e trabalhadoras. Nas eleições seguintes, em Setembro de 1930, os nazis aumentaram a sua representação no Reichstag, o parlamento alemão, de 12 para 107 representantes. Apesar de ter sido derrotado por Hindenburg nas 
eleições presidenciais de 1932, Hitler tornou-se uma força política de peso. Perante uma 
situação política grave, o chanceler Brüning foi obrigado a governar por lei criando as condições 


que conduziriam à ditadura. Em Junho de 1932, demitiu-se do cargo de chanceler, tendo-lhe 
sucedido von Papen. Com a dissolução do Reichstag foram convocadas novas eleições, nas quais o Partido Nazi saiu vencedor, alcançando 230 representantes. Como líder do maior partido alemão, Hitler chegou a um acordo com von Papen. Segundo este, Hitler renunciaria à secção socialista do seu programa partidário enquanto von Papen libertaria os subsídios dos industriais directamente para os cofres de Hitler 
e convenceria Hindenburg a aceitá-lo como chanceler. Como resultado, Hitler tornou-se 
chanceler numa coligação nazi-nacionalista, a 30 de Janeiro de 1933, através da qual a república de Weimar deu lugar ao Terceiro Reich.

No final do mesmo ano, o sistema de partido único tornou-se a forma de governo oficial. Os opositores políticos «desapareceram», quer assassinados quer enviados para campos de concentração. Tendo, de um modo geral, eliminado a oposição por toda a Alemanha, Hitler concentrou a sua atenção nos últimos redutos 
de dissensão dentro do seu próprio partido. Durante a «Noite das Facas Longas», a 30 de Junho de 1934, mais de 100 figuras nazis importantes foram assassinadas, entre os quais Gregor Strasser, Röhm, Kurt von Schleicher e a sua mulher. Quando em Agosto de 1934 Hindenburg morreu, Hitler sucedeu-lhe como 
chefe de estado, adoptando o título de Führer (líder) e Kanzler (chanceler). As medidas anti-semitas foram introduzidas aos poucos, começando com os boicotes aos negócios judeus em Abril de 1933 e culminando nos horrores dos campos de extermínio e na «solução final» (1941). A propaganda oficial dirigida contra os judeus alimentava antigos ódios populares, como na noite de cristal, durante a qual as lojas e propriedades judaicas foram atacadas e destruídas por populares a soldo do governo (9 de Novembro de 1938). Os judeus eram cada vez mais marginalizados, graças a leis anti-judaicas, tal como a que obrigava todos os judeus a usar uma estrela amarela na roupa, o que os tornava alvos da repressão oficial e da hostilidade privada.

Assim que a II Guerra Mundial começou, estas políticas foram transpostas para os países ocupados pela Alemanha. O Holocausto alcançou o seu ponto mais alto após a conferência de Wannsee, a 20 de Janeiro de 1942, durante o qual se desenvolveu uma política sistemática de extermínio. Crê-se que no final da guerra cerca de 6 milhões de judeus e perto de um milhão de pessoas de outros grupos, tais como eslavos, ciganos e homossexuais, designados como «sub-humanos», tinham perecido.

Assegurada a sua posição na Alemanha, Hitler deu início à campanha para restaurar o poder alemão na Europa, quebrando acordos e ignorando a opinião dos outros países europeus. Iniciou um intenso programa de rearmamento, voltando depois a sua atenção para as cláusulas territoriais dos tratados que a Alemanha se tinha comprometido a respeitar, começando pelo plebiscito da região do Saar, em Janeiro de 1935. O resultado, influenciado em parte pelo terrorismo, foi uma esmagadora maioria a favor do regresso à Alemanha, o que permitiu a Hitler denunciar as cláusulas militares do Tratado de Versalhes (Março de 1935) e introduzir o serviço militar obrigatório na Alemanha. Um ano mais tarde enviou tropas para a zona desmilitarizada do Reno, desafiando abertamente o acordo de Locarno de 1925. Seguiram-se dois anos de activas preparações militares alemãs, combinadas com uma reformulação total da economia, de modo a tornar a Alemanha auto-suficiente.

Com o início da Guerra Civil de Espanha, em Julho de 1936, Hitler aproveitou a oportunidade para testar o exército e a força aérea ao lado das forças de Franco. A Alemanha abandonou a Sociedade das Nações e tornou-se aliada da Itália de Mussolini com o eixo Roma-Berlim em 1936, ao qual aderiu o Japão em 1940. A partir do final de 1937, Hitler optou por uma política estrangeira agressivamente expansionista. Em Março de 1938 anexou a Áustria, manipulando uma súbita crise nas relações austríaco-alemãs. De seguida começou a campanha para a «libertação» dos sudetas, uma área de etnia alemã dentro da Checoslováquia. O Acordo de Munique de Agosto de 1938 entregou-lhe os sudetas em troca da promessa de que não exigiria mais territórios. Em menos de um ano, acrescentara 10 milhões de alemães ao Terceiro Reich e tornara-se o maior ditador europeu desde a época de Napoleão.

Durante o ano de 1939, apoderou-se dos restantes territórios da Checoslováquia e anunciou a anexação de Memel, violando o Tratado de Versalhes. Em Março de 1939, Hitler renunciou ao pacto de não agressão com a Polónia, de 1934 e exigiu a devolução de Danzig. A Grã-Bretanha e a França garantiram a independência polaca e entraram em negociações com Moscovo. Hitler propôs um pacto de não agressão à URSS. Estaline concordou e o Pacto Ribbentrop-Molotov foi assinado a 23 de Agosto de 1939. Afastado o perigo da interferência soviética, Hitler invadiu a Polónia a 1 de Setembro de 1939 e, dois dias mais tarde, a Grã-Bretanha e a França declararam guerra à Alemanha (ver II Guerra Mundial). Depois da invasão da Polónia, a Alemanha avançou rapidamente sobre a Holanda, a Bélgica, a França, a Noruega e a Dinamarca. Os acontecimentos da Primavera e Verão de 1940 culminaram no armistício com a França, o que apenas confirmou o génio de Hitler aos olhos do alemão médio. Na Primavera de 1941, as forças alemãs invadiram a Jugoslávia e a Grécia, enquanto a força aérea atacava a Grã-Bretanha e a marinha os barcos que transportavam as provisões. Hitler decidiu atingir os britânicos atacando o império a oriente. No entanto, este plano dependia da neutralidade da URSS pelo que Hitler tentou fazer coincidir um ataque ao Egipto com a invasão da própria URSS — a operação Barba Ruiva, de Junho de 1941. As campanhas alemãs dos Balcãs e do Mediterrâneo foram brilhantes em termos de planeamento e execução, mas a intervenção britânica na Grécia e a resistência britânica em Creta e na Líbia atrasaram o planeamento de Hitler. Os revezes na batalha da Grã-Bretanha (Julho de 1941) constituíram um terrível golpe para o moral alemão, levando Hitler a anunciar numa reunião, a 4 de Outubro, uma «operação gigantesca» que provocaria a derrota da URSS. Esta decisão fatal fez entrar em cena um inimigo poderoso, abrindo uma segunda frente que acabou por revelar as fraquezas da política de Hitler. A partir daí esforçou-se por afastar a URSS dos aliados ocidentais realçando a cruzada anti-bolchevique da Alemanha. Depois do esmagamento do exército alemão antes de chegar a Moscovo, Hitler despediu o comandante-chefe, Brauchitsch, em Dezembro de 1941, e assumiu pessoalmente o controlo de todas as operações militares. Quando os Estados Unidos entraram na guerra, após o ataque a Pearl Harbor (Dezembro de 1941), quatro quintos do mundo passaram a estar em luta contra a Alemanha. No início de 1942, os exércitos alemães posicionados na URSS chegaram ao Volga, em Estalinegrado, enquanto Rommel ameaçava o Cairo e Alexandria, no norte de África. No entanto, antes do Outono chegar ao fim, Rommel tinha sido derrotado em El Alamein e os soviéticos haviam destroçado o 6.o exército de von Paulus frente a Estalinegrado. Mussolini foi deposto em Julho de 1943 e a Itália capitulou perante os aliados.

Após o Dia D, em Junho de 1944, dia em que ocorreu a chegada das forças aliadas à Normandia, tornou-se óbvio que ao contrário do que Hitler previra os aliados não seriam «empurrados de volta ao mar». A sua posição nunca foi verdadeiramente questionada até à falhada conspiração de Julho (1944), que visava o seu assassinato, quando uma bomba colocada no quartel-general por um oficial da sua guarda, de nome von Stauffenberg, explodiu durante uma reunião do seu gabinete. Este facto deu origem a uma das mais sangrentas perseguições de sempre, milhares de homens e mulheres passíveis de liderar um outro golpe foram assassinados. Himmler tomou a seu cargo o comando do exército na Alemanha, de modo a reforçar ainda mais o controlo nazi sobre este. Contudo, à medida que o ano decorria, os aliados iam avançando.

A 29 de Abril de 1945, quando Berlim já se encontrava quase por completo nas mãos dos soviéticos, Hitler casou com Eva Braun, no seu bunker sob o edifício da chancelaria e no dia seguinte ambos suicidaram-se.


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