quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Aristóteles (384-322 a.C)


Filósofo grego que advogou a razão e a moderação. Sustentou que a experiência dos sentidos é a nossa única fonte de conhecimento e que é através do uso da razão que podemos descobrir a essência das coisas, isto é, as qualidades que as distinguem. Nas suas obras sobre a ética e a política, sugeriu que a felicidade humana consiste em viver em conformidade com a natureza. Fez derivar a sua teoria política do reconhecimento de que a ajuda mútua é natural à humanidade, recusando-se a estabelecer qualquer tipo de constituição como idealmente universal. Das obras de Aristóteles restaram 22 tratados que cobrem um vasto leque de matérias: lógica, metafísica, física, astronomia, meteorologia, biologia, psicologia, ética, política e crítica literária.

Aristóteles nasceu em Estagira, na Trácia, e estudou em Atenas. Tornou-se tutor de Alexandre, o Grande e, em 335 a.C., fundou uma escola, o Liceu — arvoredo dedicado a Apolo —, em Atenas. Esta escola ficou conhecida como a «escola peripatética», devido ao facto de Aristóteles caminhar de um lado para o outro enquanto ensinava. As suas obras são colecções de apontamentos das aulas tirados pelos seus alunos. Quando Alexandre, o Grande, morreu, o filósofo viu-se forçado a fugir para Cálcis, onde veio a falecer. De entre os seus inúmeros contributos para o pensamento político, contam-se as primeiras tentativas sistemáticas de distinguir as diferentes formas de governo, as ideias sobre o papel da lei no Estado e a concepção de uma ciência política.

Na Poética, Aristóteles define a tragédia como uma imitação (mimese) das acções dos seres humanos, em que as personagens se subordinam ao enredo. A audiência sente terror e piedade, mas experimenta uma expurgação (catarse) destas emoções através da peça. O segundo livro da Poética, que tratava da comédia, perdeu-se. Os três volumes da Retórica constituem a mais antiga discussão analítica das técnicas de persuasão, apresentando o último uma teoria das emoções a que um orador deve apelar.


Ao longo da Idade Média, a sua filosofia começou por estabelecer as fundações para a filosofa islâmica, para depois vir a ser incorporada na teologia cristã. Os eruditos medievais aceitaram sem reservas a vasta produção intelectual do filósofo grego. Aristóteles sustentou que toda a matéria consistia numa única «matéria principal», que era sempre determinada por uma forma. A mais simples espécie de matéria consistia nos quatro elementos — terra, água, ar e fogo — os quais, em proporções diversas, constituíam todas as coisas. De acordo com as leis aristotélicas do movimento, os corpos moviam-se para cima ou para baixo em linha recta. A terra e a água caíam, o ar e o fogo subiam. Para explicar o movimento das esferas celestiais, Aristóteles introduziu um quinto elemento, o éter, cujo movimento natural era circular.

As suas obras principais sobre cosmologia, ou astronomia, estão contidas nos quatro volumes do seu De Caelo. Aristóteles rejeitou a noção de infinito e a noção de vácuo — este último era impossível porque um objecto que nele se movimentasse ganharia, em princípio, uma velocidade infinita, em virtude da completa ausência de resistência. O espaço não podia ser infinito porque, na visão de Aristóteles, o universo consistia numa série de esferas concêntricas que rodavam em torno da Terra.

A actividade de Aristóteles no domínio da astronomia incluiu ainda a comprovação de que a Terra era esférica. Com efeito, o filósofo tinha observado que a Terra projectava uma sombra circular na Lua durante um eclipse, para além de também ter notado que as estrelas no céu mudavam de posição quando viajamos para norte ou para sul. Aristóteles sobrestimou o diâmetro da terra em apenas 50%.

Aristóteles encarava a natureza como algo em constante esforço de aperfeiçoamento. Determinou que o princípio da vida era a alma, que considerava ser a própria forma da criatura viva e não uma substância separável dela. Acreditava que o intelecto consegue descobrir o universal, a partir das impressões dos sentidos, e que a alma é imortal, uma vez que transcende a matéria. Pensava que a arte incorporava a natureza, mas de uma maneira mais perfeita, uma vez que a sua finalidade seria a purificação e o enobrecimento das afeições, ou sentimentos. Para Aristóteles, a essência da beleza era a ordem e a simetria. Aristóteles também classificou os organismos, dividindo-os em espécies e géneros.

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